Rio Grande do Sul terá seis Casas de Economia Solidária
05/12/2025
O Rio Grande do Sul contará com seis novas Casas de Economia Solidária. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (2/12), durante a abertura da 27ª Feira Estadual de Economia Popular e Solidária, no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre. O evento reúne 300 empreendimentos de todo o estado que comercializam seus produtos até 13 de dezembro.
A feira oferece 84 estandes com produtos da agroindústria familiar, confecção, artesanato e outros segmentos. Pela primeira vez, a feira terá duas semanas de duração, e os expositores não tiveram custos com os estandes. A solenidade abriu com um passeio pelos corredores com cortejo musical de cantos e instrumentos tocados pelas próprias empreendedoras.
Segundo a presidenta da Unisol/RS, Nelsa Nespolo, os novos espaços permanentes de formação e comercialização financiados pelo Governo Federal estarão localizados nos municípios de Pelotas, Caxias do Sul, Santana do Livramento, São Leopoldo, Passo Fundo e Porto Alegre. Atualmente a capital conta com ponto permanente de comercialização na Rua Vigário José Inácio, 303.
Outra forma de produzir, comercializar e consumir
Durante o evento, o secretário Nacional da Economia Solidária, Gilberto Carvalho, acentuou que o governo federal está retomando o fomento e investimento após a destruição da secretaria, “ reduzida a uma mesinha dentro do Ministério do Trabalho e Emprego, ao final do governo anterior”.
Carvalho reforçou o papel da sociedade na construção de políticas transformadoras: “Quem muda o país é a sociedade que luta pelos seus direitos. A economia solidária é outra forma de produzir, comercializar e consumir. É uma filosofia de vida baseada na solidariedade. Pressionem mais — a economia solidária precisa ser a economia do país.”
Investimentos no RS
O presidente interino da Fundação Banco do Brasil, Gilson Lima, participou da abertura e da entrega na segunda-feira, de quatro caminhões zero quilômetro para cooperativas de reciclagem de Canoas e São Leopoldo, que perderam equipamentos durante a enchente.
Entre as ações do Governo Lula estão R$ 15 milhões em edital para redes de cooperação solidária; R$ 26,5 milhões para retomada de empreendimentos na Reconstrução RS, com apoio da Fundação Banco do Brasil; R$ 12 milhões para apoio a catadores afetados pela enchente, além de linhas de financiamento e agentes de economia solidária no estado.
“É um dia de felicidade compartilhada poder realizar mais uma grande feira. Esperamos encantar o público, pois cada produto carrega um pouco do sonho de quem o produz”, destacou Nelsa Nespolo. Referência nacional no setor, a dirigente define a economia solidária como uma estratégia para construir um mundo melhor, gerando impactos positivos na vida das pessoas, na economia e no meio ambiente. Mas destaca a importância de encantar os jovens para fortalecer esse movimento.
Mulheres são maioria
Presente em todas as 27 edições da feira, Oraides Santos, do grupo Toque de Anjo, destaca o orgulho de trabalhar com vestuário customizado a partir de tecidos doados pela indústria têxtil. “A economia solidária é tudo para mim”, afirma.
Estreante na feira, Mariana Dade, do coletivo Filhas da Terra (Pelotas), apresenta saboaria artesanal, óleos essenciais e incensos de ervas, animada com o potencial da Feira. “O processo é coletivo e os resultados são partilhados. Os recursos são distribuídos entre quem produz”, explica. Atualmente, mais de 70% da força de trabalho da economia solidária é composta por mulheres.
Entre os expositores impactados pelas enchentes está o produtor de cachaças especiais de Muçum, Luis Fontoura, participante da feira há 10 anos, perdeu cinco hectares de canavial — área que ainda não pode ser reutilizada para cultivo.
O número atualizado de empreendimentos de economia solidária no estado e no país está sendo consolidado por meio do Cadastro de Empreendimentos de Economia Solidária (CadSol), ferramenta que dará suporte à formulação de políticas públicas mais completas.
CUT-RS | Stela Pastore/ Unisol-RS