Intercooperação e profissionalização: os caminhos para as cooperativas de transporte avançarem
19/11/2025
O Sistema OCB/ES realizou o Seminário Estadual do Ramo Transporte, na última terça-feira (18/11), com o apoio do Sebrae/ES. O encontro buscou promover o desenvolvimento, a modernização e o fortalecimento das cooperativas de transporte do Espírito Santo. O evento ocorreu no cerimonial Casa Vilani, em Vitória, com a presença de 90 participantes.
A última apresentação da programação teve como tema “Planejamento nacional do Ramo Transporte”. O momento foi comandado por Tiago Barros, analista do Ramo Transporte do Sistema OCB, e por Evaldo Matos, coordenador do Conselho Consultivo do Ramo Transporte do Sistema OCB, que também é diretor da Coopmetro e presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Transporte?de Cargas e Passageiros (CNTcoop).
A seguir, confira os destaques da participação de cada um.
Tiago Barros: intercooperação como estratégia de negócio
Com 14 anos de experiência no cooperativismo de transporte, Tiago Barros apresentou dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, revelando que 51% das cooperativas de transporte realizaram negócios com cooperativas de crédito; 6% adquiriram produtos de cooperativas de trabalho; 17% utilizaram planos de saúde de cooperativas de saúde; e apenas 2% fizeram negócios com cooperativas agropecuárias.
Para Barros, esses números mostram um desafio: a baixa intercooperação entre os ramos. “Por que cooperativas agropecuárias não contratam com tanta efetividade cooperativas de transporte para transportar suas cargas? Por que várias cooperativas ainda buscam bancos ao invés de fazer parcerias com cooperativas de crédito?”, questionou. Ele defendeu que a intercooperação deve ser vista como uma estratégia mercadológica, capaz de gerar crescimento e desenvolvimento sustentável para as cooperativas.
Barros também destacou a importância dos conselhos consultivos estaduais, que organizam demandas e tornam o trabalho mais eficaz junto ao Conselho Consultivo do Ramo Transporte do Sistema OCB e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Quando as pautas chegam consolidadas, conseguimos dialogar melhor com a agência reguladora e subsidiar decisões”, explicou.
Atualmente, 20 pautas específicas estão sendo tratadas pelo Sistema OCB Nacional, envolvendo questões como autorizações especiais de trânsito, acesso à base de dados da Sefaz, revalidação do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), multas, Reforma Tributária, entre outras.
Evaldo Matos: cenário nacional exige profissionalização e inovação
Evaldo Matos apresentou um panorama do transporte brasileiro, apontando que mais de 70% do transporte é realizado por rodovias, com cerca de 700 mil autônomos e 275 mil pequenas empresas registradas na ANTT. Ele alertou para a escassez de mão de obra, que caiu 22% nos últimos anos, e para a idade média da frota, que chega a 21 anos, considerada ultrapassada.
Segundo Matos, apesar de as cooperativas representarem cerca de 5% dos transportadores a nível nacional, elas possuem o melhor modelo para estruturar o transporte no país. “Temos o melhor apoio organizacional, oferecido pelo Sistema OCB, uma instituição que nos representa e oferece soluções e treinamentos. Além disso, o mercado está cheio de oportunidades, mas exige profissionalização e atenção a agendas globais como o ESG”, afirmou.
Ele também apresentou a Confederação Nacional das Cooperativas de Transporte de Cargas e Passageiros (CNTcoop), entidade de terceiro grau que atua como plataforma de negócios para cooperativas de segundo grau e singulares, oferecendo soluções como aquisição de veículos, pneus, seguros e estratégias mercadológicas.
No Espírito Santo, três cooperativas já estão filiadas à CNTcoop: Coopcam, Coopgranéis e Cooproves. “Precisamos propagar o entendimento do que essa organização faz e caminhar juntos para fortalecer essa rede”, destacou Matos. Ele citou como exemplo a Coopemetro, de Minas Gerais, que conta com 6.662 cooperados, 450 colaboradores, transporta 260 milhões de toneladas por ano e realiza 80 mil entregas por dia, mostrando o potencial do modelo cooperativista quando bem estruturado.
Sistema OCB/ES