Governo adiará um dos projetos da regulamentação da reforma tributária
                23/04/2024
                
                O governo adiará o envio ao Congresso de um dos projetos de lei  complementar (PLC) que regulamentam a reforma tributária, anunciou na  noite dessa segunda-feira (22) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.  Por falta de tempo, o PLC que trata do Comitê Gestor do Imposto sobre  Bens e Serviços (IBS) e de questões administrativas deverá ser enviado  na próxima semana.
O Comitê Gestor será um órgão com  representação dos estados e municípios que se encarregará de fixar as  alíquotas do IBS, imposto a ser administrado pelos governos locais. O  projeto que trata do assunto é mais simples que o texto a ser enviado  nesta semana, que abrangerá toda a regulamentação de todos os tributos  sobre o consumo, informou Haddad, terá quase 200 páginas e deverá ser  enviado nesta quarta-feira (24).
Originalmente, os dois projetos  tinham previsão de ser enviados nesta segunda. No entanto, a Casa Civil,  disse Haddad, pediu ajustes de última hora em dois pontos que foram  discutidos no fim da tarde dessa segunda entre os ministro da Fazenda e  da Casa Civil, Rui Costa, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Fechamos  com o presidente [Lula]. Não tem mais pendência com ele, agora é um  trabalho braçal para fechar o texto com mais de 150 páginas, quase 200.  Agora está indo o projeto mais robusto”, declarou Haddad. O ministro não  detalhou os dois últimos pontos que teriam ajuste. Apenas disse que  seriam “detalhes” sobre os produtos com alíquota zero, alíquota reduzida  (para 40% da alíquota cheia) e alíquota cheia.
O projeto a ser  enviado amanhã inclui a regulamentação do IBS; da Contribuição sobre  Bens e Serviços (CBS), tributo federal sobre o consumo; o Imposto  Seletivo, que incidirá sobre produtos com risco à saúde e ao meio  ambiente; e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que  incidirá sobre mercadorias concorrentes das produzidas na Zona Franca de  Manaus.
Os temas mais polêmicos são a desoneração da cesta  básica e a lista de produtos que terão a cobrança do Imposto Seletivo. A  reforma aprovada no ano passado deixou para o projeto de lei  complementar decidir se, por exemplo, alimentos processados e ricos em  açúcar sofrerão a cobrança do imposto.
Relatoria
Sobre  a relatoria do texto, Haddad disse ter recebido do presidente do  Senado, Rodrigo Pacheco, a indicação que o senador Eduardo Braga  (MDB-AM) relatará o primeiro projeto de lei complementar da reforma  tributária. Braga foi relator da proposta de emenda à Constituição no  Senado.
Haddad afirmou que só não enviou o projeto de lei  complementar principal na semana passada por causa da viagem aos Estados  Unidos. Na semana passada, o ministro foi a Washington para as reuniões  do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta, mais União Europeia e  União Africana), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco  Mundial.
Segundo Haddad, o presidente da Câmara dos Deputados,  Arthur Lira, pediu a entrega do primeiro projeto de lei complementar  nesta quarta-feira. O ministro se disse otimista quanto à regulamentação  da reforma tributária ainda este ano.
“Não acredito que não vote  [a regulamentação] neste ano. Seria até injusto com os presidentes Lira  e Pacheco que essa reforma não terminasse no mandato deles [como  presidentes das duas casas legislativas]”, destacou.
Perse
Após  retornar do Palácio do Planalto, Haddad reuniu-se com líderes da base  aliada na Câmara dos Deputados para discutir o projeto de lei que  restringe o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Serviços  (Perse). Segundo o ministro, a proposta pode ser votada nesta  terça-feira (23), se a reunião de líderes na Câmara, prevista para as  12h, der certo.
Segundo o ministro, há consenso sobre os pontos  principais do projeto de lei do Perse: a limitação da renúncia fiscal em  R$ 15 bilhões até 2026 e um pente-fino na habilitação das empresas a  receberem o benefício. O Perse foi criado para socorrer empresas do  setor de eventos afetadas pela pandemia de covid-19.
“Nós temos  de ter clareza de que estamos beneficiando quem precisa, porque, do  jeito que está aberto, está dando margem [para desvios]. Não é para isso  que o Perse deveria servir, abrir a porta para o crime organizado ou  para quem não foi prejudicado pela pandemia”, ressaltou Haddad.
O  ministro disse que, se não houver impedimento por parte dos deputados,  pretende participar da reunião de líderes na Câmara. Em referência a um  discurso do presidente Lula, que nesta segunda disse para Haddad ler  menos livros e conversar com parlamentares, o ministro brincou: "Esqueci  meus livros em São Paulo e estou liberado [para negociar com os  líderes]".
                 Agência Brasil / Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil