Agricultores familiares participam de dia de campo sobre produção orgânica
21/03/2019
“Hoje temos uma perspectiva melhor para a lavoura, porque a gente aprendeu mais, com maiores possibilidades de melhorar a nossa agricultura. Por isso, pretendo mudar e fazer a transição do meu plantio convencional para o agroecológico, porque é proveitoso, gratificante e lucrativo”. A declaração demonstra a tomada de consciência do agricultor familiar José Barreto, do Povoado Capunga, município de Moita Bonita, ao participar do Dia de Campo sobre agroecologia, manejo de água e solo e irrigação, realizado nos dias 18 e 19, no Centro de Difusão Tecnológicas da Emdagro, em Itabaiana.
As práticas apresentadas fizeram parte da última etapa da capacitação de agricultores familiares beneficiados pelo Programa Águas de Sergipe, desenvolvido pelo Governo do Estado, através da Emdagro. Consultores da empresa Água e Solo capacitaram, nos seis meses de programa, 1200 agricultores familiares dos municípios de Moita Bonita, Itabaiana, Campo do Brito, Areia Branca, Malhador e Ribeirópolis. “Os agricultores foram capacitados em suas localidades e, hoje, culminamos com o dia de campo. Foi possível apresentar tecnologias que despertem nos agricultores o desejo de mudança na forma de plantio do convencional para o agroecológico”, destacou o Chefe do Escritório Local da Emdagro, Waltenis Braga.
Segundo ele, trabalhar com agroecologia não é fácil, pois requer uma mudança de comportamento, em que o produtor precisa conceitos relacionados à sua forma de trabalhar, de pensar a natureza, de respeitar o consumidor e o meio ambiente. “A gente sabe que essa preparação só acontece em médio e longo prazo, não é algo imediato, mas a gente acredita que a população está demandando consumir um produto de qualidade e os espaços estão aparecendo para que o agricultor possa produzir um produto mais saudável, menos prejudicial ao meio ambiente e à sua própria saúde”, disse Waltenis.
Para o coordenador das capacitações, Lauro Bassi, da empresa contratada Água e Solo, a mudança de postura nem sempre é algo fácil de conseguir. “Por isso que a gente precisa mostrar caminhos diferentes para o agricultor, e identificar aqueles que menos degradam os recursos naturais. A consciência começa a mudar com a capacitação, com o aprendizado, mas ela muda de fato quando os agricultores começam a experimentar uma nova realidade”, pontuou.
A agricultora Cleíldes Nunes de Souza, de Moita Bonita, não escondeu a satisfação em ter participado de todo o processo da capacitação ofertada pela Emdagro. “Pude tirar minhas dúvidas de como plantar, como conservar a plantação, como economizar mais a água, o manejo do solo que é bem diferente de como eu costumo plantar. Gostei muito de tudo o que vi aqui e sei que a transição [do convencional para o agroecológico] dá um pouco de trabalho, mas também recompensa”, avaliou ela.
Metodologias
O coordenador Lauro Bassi explica que o projeto de capacitação se utilizou de várias metodologias diferentes. “A primeira etapa envolveu um número maior de agricultores em cursos teóricos e práticos, além de oficinas que realizamos nas comunidades. No ano passado, em outubro e novembro, fizemos dois dias de campo, e agora estamos fechando com mais dois. Foram realizadas também cinco campanhas de coleta de lixo e outras cinco de plantio de árvores em diferentes comunidades - o que envolveu estudantes e adultos. Tivemos ainda intercâmbios, nos quais levamos grupos de agricultores a propriedades que se destacaram em conservação da água e do solo, agroecologia e irrigação”, detalha.
Bassi avalia positivamente o processo de capacitação. “Principalmente em relação à participação dos agricultores, vemos que conseguimos gerar neles o interesse [que até então não tinham] de fazer a transição do plantio convencional para o agroecológico. Do ponto de vista dos técnicos, com essa nova consciência por parte dos agricultores, conseguimos gerar demandas que podem servir como insumos para a Emdagro continuar com a assistência técnica de forma mais preparada, especialmente, junto àqueles agricultores que demonstraram interesse em mudar suas propriedades para fazer uma agricultura mais conservacionista e menos prejudicial à saúde e meio ambiente”, concluiu.
Agência Sergipe de Notícias