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Cooperativismo e empregabilidade

Pergunte a familiares, amigos, vizinhos e colegas quais os três maiores problemas da atualidade. Certamente, a dificuldade de conseguir trabalho estará entre eles.

Quando nos deparamos com desafios complexos como este, o bom senso sugere recorrer às experiências bem-sucedidas já existentes.

A melhor novidade para gerar trabalho e renda, com baixo investimento e ampla justiça social, tem 174 anos e mobiliza um em cada sete habitantes do planeta. Sim, o cooperativismo, testado, aprovado – mas não estimulado – como forma associativa eficiente e democrática. Gera 250 milhões de empregos em 100 países, distribuídos por 2,6 milhões de cooperativas.

Neste mês de julho, em que se comemora o Dia Mundial do Cooperativismo, relembramos que esta forma de associação tem adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica dos cooperados; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação, e interesse pela comunidade.

As 300 maiores cooperativas do mundo – dentre as quais cinco brasileiras – faturaram, em 2017, U$ 2,1 trilhões, o que equivaleria à nona maior economia do mundo, se constituíssem um país.

No Brasil, agronegócio, saúde e crédito são alguns dos ramos em que o cooperativismo mais se destaca. Estima-se que responda por quase metade do PIB agrícola do país. Além disso, é brasileira a maior cooperativa de trabalho médico do mundo, que detém 37% do mercado nacional de planos de saúde.

Mas este tipo de associação também é indicado para profissões que estão se desenvolvendo, atividades da nova economia, pois facilita o ingresso dos jovens no mercado de trabalho. Para tal, eles podem criar cooperativas de moda, games, software, segurança de TI, gestão ambiental, cinema, serviços de saúde, dentre outras.

Além disso, as cooperativas são ideais para levar adiante projetos de economia solidária, em razão dos princípios democráticos e da transparência associativa. Bons exemplos são as cooperativas de reciclagem, que congregam catadores de papel e resíduos, geram renda familiar e ajudam a reduzir o descarte destes materiais em aterros ou lixões.

A crise econômica dos últimos anos agravou o desemprego no Brasil. Segundo os dados mais recentes, há 13,4 milhões de desempregados. A maior parte das novas vagas geradas nos últimos meses é informal, sem registro em carteira nem direitos trabalhistas.

No cooperativismo, por outro lado, 11% do valor da quota distribuída ao cooperado (serviço prestado a empresas) é retido para a Previdência Social, ou 20% (serviços a pessoas físicas). A maioria das cooperativas tem fundos para prover férias, bônus de final de ano, planos odontológicos e de saúde, e seguro de vida aos cooperados.

Cabe destacar outro diferencial positivo. Em uma cooperativa de trabalho médico, por exemplo, não há intermediários entre os pacientes e os profissionais da medicina. Os dirigentes são médicos e suas gestões, portanto, alinhadas aos padrões éticos da medicina.

Até hoje, contudo, autoridades e sociedade desconhecem como funciona o cooperativismo. Talvez por isso ainda não tenham sido regulamentados os artigos 146 (item sobre adequado tratamento tributário ao ato cooperativo) e 174 (lei estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo) da Constituição Federal de 1988.

Estão esperando o quê?

 

Alexandre Ruschi

Presidente da Central Nacional Unimed

 

 

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