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Juventudes cooperativistas pelo clima: protagonismo e transição justa na COP30

A Conferência das Partes (COP30), realizada no coração da Amazônia, representa um marco histórico para o Brasil e para o cooperativismo da agricultura familiar. É a primeira vez que o maior evento sobre clima acontece em território brasileiro e chega com um chamado global para repensarmos nossos modos de produzir, consumir e viver em equilíbrio com o planeta. Nesse contexto, as juventudes do Sistema Unicafes assumem um papel central na construção de um novo modelo de desenvolvimento, unindo sustentabilidade, inovação e justiça social, fortalecendo assim o protagonismo e a permanência do jovem no campo frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

De acordo com o último mapeamento de boas práticas da Unicafes (2024), mais de 73% das cooperativas desenvolvem iniciativas voltadas à inclusão de jovens e mulheres, evidenciando um engajamento crescente das novas gerações em temas como agroecologia, bioeconomia e adaptação às mudanças climáticas. Esses dados revelam que o cooperativismo é, hoje, uma das principais ferramentas de permanência e protagonismo da juventude no campo, articulando saberes tradicionais e inovação tecnológica.


Juventudes cooperativistas e a transição agroecológica justa

A juventude cooperativista não é apenas beneficiária das políticas de sustentabilidade, ela é protagonista na criação e implementação de soluções. Iniciativas como o Projeto Jovens Comunicadores pela Transição Agroecológica e o Projeto Climathon, executados pela secretaria de juventudes, exemplificam como os jovens estão liderando processos de mudança.

O Projeto Jovens Comunicadores, implementado em parceria com a campanha Mãos da Transição, formou jovens de 18 a 35 anos para atuarem como líderes e multiplicadores da comunicação sobre sistemas alimentares sustentáveis e mudanças climáticas. Esses jovens têm ampliado o alcance das ações das cooperativas, promovendo campanhas de conscientização, mobilizações territoriais e produção de conteúdo digital com foco na agroecologia e na economia solidária.

Já o Climathon, realizado em parceria com a organização internacional Trias e Sebrae, propõe um desafio inovador: conectar juventudes cooperativistas de todo o Brasil em uma maratona de inovação aberta, com foco em soluções tecnológicas e sociais para a agricultura familiar sustentável. A proposta é desenvolver ideias que possam ser aplicadas diretamente nas cooperativas, desde ferramentas de gestão climática até protótipos de tecnologias verdes.

Essas ações não apenas qualificam os jovens, mas também consolidam uma nova geração de lideranças cooperativistas, preparada para atuar nos espaços de decisão e contribuir para a transição agroecológica justa. Esse movimento é fortalecido ainda pelas articulações institucionais da Unicafes, como o Coletivo Nacional de Juventudes, os coletivos estaduais, que fortalecem a incidência política das juventudes nos territórios.

O Manifesto do Cooperativismo da Agricultura Familiar para a COP30 reforça essa visão: “não haverá justiça climática sem justiça no campo e sem as juventudes no comando dessa transição”. As juventudes, ao lado das mulheres e comunidades tradicionais, são as verdadeiras guardiãs dos territórios e da biodiversidade. São elas que vivem os impactos diretos da crise climática, mas também que constroem, de forma concreta, as soluções, seja por meio de práticas agroflorestais, inovação social ou fortalecimento das redes de economia solidária.


Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços, o protagonismo juvenil ainda enfrenta desafios estruturais, como o acesso limitado a crédito, conectividade e formação técnica. Para superá-los, é essencial ampliar políticas públicas de sucessão rural, como o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, e criar mecanismos de financiamento climático voltados a jovens cooperativistas, uma das propostas apresentadas pela Unicafes na COP30.

Em todo o país, jovens agricultores e cooperativistas demonstram que é possível produzir, resistir e transformar com base na cooperação. As Juventudes da Unicafes seguem reafirmando seu compromisso com um modelo de desenvolvimento rural mais justo, inclusivo e sustentável, onde a voz das juventudes ecoa como semente de esperança para o presente e o futuro do cooperativismo e da luta contra a crise climática.

Suianny Barbosa do Nascimento

Secretária de Juventudes da Unicafes Brasil

 

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