Artesãos do Litoral do Piauí se unem e conquistam mercado europeu
03/11/2015

O sonho de viver da própria arte e ser reconhecido mundialmente através dela. Foi sob essa perspectiva que 30 artesãos da Ilha de Santa Isabel, Litoral do Piauí, decidiram montar uma cooperativa e a partir daí abrir portas para o empreendedorismo. Eles buscaram a capacitação e atualmente chegam a exportar artesanato para países europeus.
Francisco Tadeu tem 57 anos, 40 deles dedicados ao artesanato. Em meio ao trançado do cipó de boi e de leite (espécie de raiz), ele se mostra feliz em sobreviver só com o lucro da técnica que aprendeu com os pais ainda criança. "É muito gratificante fazer o que você gosta e viver daquilo, sustentar a família. É uma sensação inexplicável ver o suor do seu trabalho viajando o mundo", comentou.
O artesão costuma produzir uma peça em 20 minutos e vende sua produção para a cooperativa. Um conjunto de decoração no formato de peixes é repassado a R$ 50 e o produto chega a ser supervalorizado e passa a custar até R$ 100 nas lojas.
Maria de Lourdes, 59 anos, foi outra que encontrou na cooperativa uma fonte de renda para a família. Com 30 anos produzindo redes de carnaúba, arte que aprendeu com a cunhada, ela inicialmente vendia suas peças pelas praias de Luís Correia e após se aperfeiçoar, hoje são os fregueses que a procuram até mesmo em casa.
"Não quero deixar meu artesanato, pretendo trabalhar até Deus permitir. Criei minhas filhas fazendo rede. Hoje, para atender tantos pedidos, elas me ajudam e o meu marido largou o serviço de pedreiro para traçar a carnaúba comigo. Tenho muito amor pelo que faço e quando pego em uma peça esqueço de todos os problemas”, falou.
Após anos cuidado da casa, Maria Ivanilda não esperava ter um salário e produzir peças de sisal para a França, Espanha e outros países da Europa. O interesse em um novo passatempo, fez com que ela se inscrevesse no curso de artesanato da cooperativa. O que no início funcionava apenas como lazer, passou a ser o seu ofício.
Aos 43 anos e apenas cinco como artesã, Ivanilda não esconde a felicidade pelo reconhecimento do seu trabalho. "Achei fácil aprender o artesanato e com o incentivo dos colegas comecei a produzir pensando no lucro. Fico feliz em agora ter meu dinheiro, sem depender do marido, e, além disso, ver o meu trabalho sendo elogiado por aí a fora", disse Ivanilda.
Para o diretor e superintendente do Sebrae no Piauí, Mário Lacerda, o trabalho de fomento e incentivo ao pequeno produtor tem dado certo no estado. O empreendedor vem sendo incentivado a se capacitar e a desenvolver novos produtos.
"O empreendedor já é um batalhador. Quando os pequenos produtores se unem para se tornar mais fortes, seja montando uma cooperativa ou uma associação, eles passam a competir forma igual com os maiores. Este empreendedorismo tem chamado a atenção tanto no país, quanto fora, e nós temos ajudado nesta comercialização", destacou.
Catarina Costa Do G1 PI, em Parnaíba / (Foto: Catarina Costa / G1 PI)